Indústria da beleza já prevê venda estável

A indústria de higiene e beleza apresentou uma leve recuperação das vendas nos meses de julho e agosto, segundo a associação setorial Abihpec. Depois de um primeiro semestre difícil, já é possível prever que as vendas anuais fechem perto da estabilidade, um desempenho modesto comparado a altas de dois dígitos na última década, mas que traz ante a queda real de 8% em 2015.

Em agosto, o setor registrou crescimento real de 2%, segundo relatório preliminar. Mensalmente, a Abihpec pede a seus associados que relatem se os resultados têm vindo em linha, acima ou abaixo do previsto.

O baque mais intenso ocorreu no primeiro e no segundo trimestres. A partir de julho surgiram os primeiros sinais de melhora. “Os sinais são favoráveis para a reação da atividade econômica. Nosso setor é um dos últimos a entrar na crise e um dos primeiros a sair”, diz João Carlos Basilio, presidente da Abihpec.

A Garden Química, que fornece insumos para as marcas de higiene pessoal e cosméticos, registrou o primeiro mês de recuperação das vendas em agosto, depois de contração em julho e um primeiro semestre difícil, em que teve de reduzir a margem em 5%, devido a descontos para seus clientes, como Avon, Davene e Inoar.  O otimismo está voltando aos poucos, diante do cenário político mais claro, diz a fundadora Berenice Freire. A empresa estima expansão de vendas de 49% neste ano, para R$ 46 milhões, puxada pela ampliação da carteira de clientes.

Os indicadores macroeconômicos sustentam uma visão positiva, segundo Basilio. A inflação sinaliza recuo para 2017 e o dólar caminha para um patamar mais próximo de R$ 3 do que R$ 3,50, portanto não há a perspectiva de aumento de custos com matérias-primas. A taxa de juros deve terminar o ano menor do que começou, favorecendo o crédito.

O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) subiu 1,3 ponto percentual entre agosto e setembro, para 80,6 pontos, segundo o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas.

A marca de maquiagem Quem Disse Berenice?, do Grupo Boticário, espera a melhora do cenário a partir de 2017. Até lá, trabalha para conquistar a confiança do consumidor e se sair bem quando a economia melhorar, diz Juliana Fava, diretora de marca. A empresa reforçou promoções com embalagens maiores e estima inaugurar 30 lojas em 2016, ritmo semelhante ao dos últimos três anos. A rede tem mais de 170 unidades.

“Terminar o ano no zero a zero significa uma boa recuperação, mas o clima ainda é de que tudo está por ser feito. Não tem nada de concreto que mostre um novo cenário”, pondera Basílio. “Temos que entender que o déficit fiscal é enorme e fomos cruelmente penalizados por aumentos de ICMS em 14 Estados, por isso ainda estamos cautelosos”, conclui.

Fonte: http://www.valor.com.br/empresas/4730615/industria-da-beleza-ja-preve-venda-estavel