Homens assumem vaidade e mercado de beleza cresce com barbearias e cosméticos.

Você que é bruto, não cuida da barba e tem o mesmo corte de cabelo há anos, provavelmente em breve irá se render e dar uma inovada no visual. Claro, que tudo é uma questão de estilo e a premissa básica de qualquer um é sentir-se bem do jeito que gosta, mas cada vez mais o “estar bem” masculino conta com cuidados e mimos antes restritos ao universo feminino. Os homens perderam a vergonha de assumir que são vaidosos e que gostam de estar bonitos, com cabelos estilosos, barbas aparadas, unhas cuidadas e pele macia. O resultado disso é um novo segmento de negócios com uma variedade de produtos e serviços especializados no bem-estar e estético do público masculino. E errado é quem pensa que isso tem relação com a sexualidade.

— Não é um questão de gênero ou opção sexual. É uma questão de vaidade que está presente em qualquer homem, hétero, trans ou homossexual. Ser vaidoso não interfere na masculinidade e isso é uma mudança de comportamento — destaca Antônio de Carvalho Junior, gerente da Hair Brasil há 16 anos, feira voltada para produtos de beleza.

Segundo Carvalho, a virada começou na década de 90, mas foi apenas a partir dos anos 2000 que o mercado percebeu esse potencial. Atentas e influenciadoras dessas tendências, empresas de cosméticos e serviços de estética se especializaram no público masculino e encontraram um novo espaço para atender os clientes. As barbearias ressurgiram no mercado com muito mais que barba, cabelo, bigode.

Na Grande Florianópolis, os primeiros negócios nesse estilo começaram há 7 anos e agora praticamente se tornaram centros de beleza masculinos com cabeleireiro, barbeiro, manicure, podologia, massagem, tratamento facial, alfaiataria e produtos de cosméticos. Tudo em um ambiente masculino, com decoração de madeira, café, cervejas, mesas de sinuca, televisões transmitindo esportes e música ambiente. O papo é de homem e deixa as pessoas ao redor à vontade.

— Eu me cuido assim há uns três anos e não fazia antes porque não tinha lugar e eu tinha vergonha. Só tinha lugar para mulher e eu não me sentia bem — conta o servidor público Rodrigo Maciel, que alisa o cabelo de forma meticulosa depois do corte.

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Aumenta a procura por espaços especializados.

Maciel confessa que alguns amigos até fizeram brincadeiras quanto ao jeito vaidoso, mas agora se rendem aos cuidados também. Thiago Furtado, sócio e gerente de marketing da Barbearia Tradicional em Florianópolis, entende que o homem perdeu o medo de admirar outro homem e de dizer que vai a um lugar para se cuidar.

– O homem se libertou desses preconceitos, ele fala para a namorada que vai fazer as unhas e repara em outros homens. Acima de tudo, ele é bem informado e já viu o que quer. É um símbolo de masculinidade estar bem cuidado – analisa Furtado.

O perfil dos clientes é bastante aberto e a restrição fica por conta dos valores. Segundo Furtado, o ticket médio da barbearia é R$ 64,00 e os clientes são, em maioria, homens acima de 30 anos, em início de carreira, bem informados, ativos economicamente e que buscam ter uma boa aparência inclusive para os negócios.

– A empresa que quer atender esse cliente precisa estabelecer logo de cara um diálogo que atenda as necessidades que ele já tem clareza que possui. E tornar isso algo fácil e prazeroso – explica.

Em quatro anos o empreendimento saltou o faturamento anual de R$ 550 mil para R$ 2,2 milhões. Sempre levando em conta a estratégia de propor uma boa experiência ao cliente e agregar serviço.

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Barbearias mudam conceito e valorizam ambiente masculino

O modelo de negócio obrigou também as antigas barbearias se adaptarem ou mudarem seu perfil de público. Rodrigo Rocha, que trabalha há 22 anos no mercado da Grande Florianópolis, deixa claro que é preciso muito mais que saber cuidar do cabelo e fazer a barba para ter um espaço masculino.

— Hoje o básico de uma barbearia é ter mais que um bom serviço. Tem que oferecer um ambiente masculino, com café de qualidade, revistas especializadas, algumas cervejas artesanais, ter um estilo de ambiente — sugere Rocha, que está abrindo filial da sua marca Da Rocha.

Um cliente melhor informado também exige maior especialização e a profissão de barbeiro voltou a ser procurada e bem remunerada. Segundo Rocha, os profissionais que atendem na sua principal loja têm rendimento entre R$ 4 mil e R$ 7 mil, mas para isso é preciso buscar cursos, técnicas e estilos para ganhar credibilidade com os clientes.

— Se um cliente diz que quer um corte mais retrô, outro anos 90, mostra uma imagem de jogador ou modelo, eu tenho que saber fazer ou dizer como fica melhor. E ele tem que acreditar nisso e para isso é preciso confiança — avalia Guilherme Fernando Ribeiro, que atende na Barbearia Tradicional.

Difícil é driblar a fidelidade do homem

Com esse perfil de negócio no mercado, as barbearias mais tradicionais, com estilos mais clássicos estão minguando e voltadas para as classes C e D. Por outro lado, pelo maior valor agregado ao serviço, as novas empresas focam nos homens de classes A e B.

— O mercado irá buscar cada vez mais atender esse homem livre de preconceitos para se cuidar da sua beleza. A tendência é cada vez mais produtos surgirem para esse público. É um mercado em aberto — diz o gerente da Hair Brasil.

Difícil é apenas contornar a fidelidade masculina. Característica que por um lado joga a favor, depois de cativado, complica a captação de novos clientes. Mas o homem que gostou e se sentiu bem com o atendimento, também comenta muito com os amigos e isso forma opinião sobre o estabelecimento

— O homem que corta o cabelo e gostou, ficará com ele até um meteoro cair na terra. Mesmo amigos nossos, só vieram aqui depois que os seus barbeiros mudaram de cidade. Mas à medida que fideliza, ele ficará sempre conosco — garante Furtado

FONTE: dc.clicrbs.com.br/

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